Caro leitor, peço desculpas de antemão. Nesta matéria irei me desprender da objetividade jornalística, afinal, não mencionar a emoção e o sentimento de saudade é uma missão árdua para relatar as tristes notícias que abalaram o jornalismo brasileiro. Acredito que, toda pessoa apaixonada por esporte em algum momento de sua vida se sentiu impactada pelo legado de Apolinho, Silvio Luiz e Antero Greco.
Comigo não foi diferente. Não poderia escolher outra carreira a seguir que não fosse o jornalismo, após acompanhar um trecho da carreira desses três expoentes da comunicação, e digo pequeno trecho porquê, só de carreira, os três tiveram mais que o dobro de trajetória do que tenho de vida. Portanto, esta matéria é um tributo à vida e a obra de jornalistas formidáveis, que marcaram seu nome na história e serviram de inspiração para toda uma geração.
Apolinho: Rubro-negro de coração, jornalista de alma
Washington Rodrigues, ou simplesmente Apolinho. O homem que marcou história no radiojornalismo brasileiro, se despediu deste plano na noite desta quarta-feira (15). Em vida, o velho Apolo deixou o legado de profissionalismo e bom jornalismo por onde passou.
Além de radialista, foi repórter e comentarista esportivo. Rubro-negro fanático, viveu um momento peculiar em sua carreira quando foi convidado pelo ex-presidente do Flamengo Kleber Leite para ser treinador do mais querido em 1995. Apolinho extrapolou os limites da comunicação radiofônica, criou bordões que ultrapassaram as quatro linhas.
Quem nunca ouviu a expressão “Foi um chocolate” ? “Mais feliz do que pinto no lixo” ?, “Duelo de cachorro grande”? Todas elas obras de Washington. Quis o destino que a passagem do velho Apolo ocorreria em um dia de goleada do Flamengo, o grande radialista se foi aos 87 anos, entretanto seus bordões, seu carisma e seu talento serão perpétuos.
![Apolinho, grande nome do radiojornalismos e rubro-negro de coração (Imagem: Divulgação)](https://i0.wp.com/sonabola.com.br/wp-content/uploads/2024/05/transferir-scaled-e1715952950277-1024x575.jpg?resize=800%2C449&ssl=1)
Antero Greco: O garoto italiano que conquistou o Brasil
Nascido em família italiana, Antero Greco queria ser jogador de futebol, enquanto sua mãe sonhava em ver o filho usando a batina de padre. Contudo, a vida reservava ao garotinho um outro caminho. Antero sempre foi um comunicador nato, e decidiu cursar jornalismo na Universidade de São Paulo (USP), o que alavancou sua carreira.
Após passar por inúmeros trabalhos, incluindo passagens pela Folha de São Paulo e a Rede Bandeirantes, até chegar na embrionária ESPN em 1994. Com sua alegria e reverência, virou símbolo da emissora. O programa Sportscenter ao lado de Paulo Soares – conhecido como o Amigão – era o carro-chefe da emissora, a dupla se tornou simbiótica, com muito bom humor e seriedade conquistaram o coração de todo o fã de esporte, incluindo o meu. A saudade será eterna do “My friend”, ou como seria chamado por sua Mamma italiana “Il amici di tutti”. Vá em paz, palestrino Antero Greco.
![Antero foi um dos grandes nomes do jornalismo ao lado do seu Amigão (Imagem: Divulgação)](https://i0.wp.com/sonabola.com.br/wp-content/uploads/2024/05/Amigao-da-ESPN-revela-que-Antero-Greco-esta-em-seu0014488300202405111408.jpg?resize=800%2C414&ssl=1)
Silvio Luiz: A irreverência em forma de pessoa
“Pelas barbas do profeta”, “Pelo amor dos meus filhinhos”, “No pauuuu”, “O quê que eu vou dizer lá em casa?”, e por aí vai. Quantos jogos, quantas lembranças adocicadas na voz de Silvio Luiz. Além de narrador, Silvio foi diretor de programas de televisão, apresentador e até mesmo árbitro e ator. O emblemático jornalista cresceu em uma família com viés artístico. Sua mãe Elisabeth foi locutora, enquanto a irmã Verinha Darcy foi uma das primeiras estrelas mirins da televisão brasileira. Todavia, a morte da atriz é controversa, e segundo o próprio Silvio, ela foi assassinada pelo marido em 1979.
Trabalhando em diversas emissoras, Silvio se tornou um ícone do jornalismo esportivo. Com bordões impagáveis e um modo de narrar peculiar, fez sucesso e entrou no hall dos maiores narradores da história do Brasil. Silvio era tão talentoso e completo que nem sequer precisava gritar gol para transmitir emoção no ápice do jogo. São paulino de berço e botafoguense por encanto, o homem dos bordões com certeza terá um cantinho reservado no coração de todos que já ouviram sua possante voz.
E foi assim, com dificuldades, que Silvio Luiz narrou o seu último gol, e foi um gol de título. Um dos maiores narradores da história, uma grande referência com o seu jeito irreverente e diferente de narrar. Obrigado, Silvio Luiz! pic.twitter.com/0hAVSO85B2
— Rodolfo (@rodolforoque) May 16, 2024
O adeus misturado com lembranças, as saudades serão eternas
Três vozes, três pessoas, três ícones, com uma só paixão, o futebol. Antero, Apolinho e Silvio vieram com a missão de nos fazer amar ainda mais esse esporte que move multidões. Suas vozes, bordões, risadas e comentários, estarão para sempre marcados, não só na história da comunicação, mas também, do esporte.